Hoje viajei até ao concelho de Chaves para gravar mais um episódio do meu podcast: "Novas Conversas Rurais". Nada, nem ninguém, me preveniu para a recepção que este casal me dedicou. Simpatia e afectividade, foram de uma amabilidade sem igual. Depois da gravação, e quando a hora de almoço já tinha passado, convidaram-me para almoçar com eles e, num ápice, deram-me a provar várias iguarias criadas pelo Mário e servidas aos clientes que os visitam. Não tenho palavras para descrever tudo aquilo que o meu palato sentiu, mas aquilo que de melhor trouxe comigo, vou guardar e quero aqui registar, foi a dimensão humana que a Claudia e o Mário demonstraram, com simplicidade, empatia e disponibilidade total para me proporcionar um momento único. Adorei conhecê-los, conversar com eles e conhecer o seu projecto de vida. Vou regressar e não vai demorar muito até isso acontecer.
Transcrevo aqui a introdução que escrevi para a nossa conversa...
[ Conheci-os através das palavras de Alexandra Prado Coelho e de uma reportagem que realizou no suplemento Fugas do jornal Público, sobre o paraíso que a Cláudia Campos e Mário Neichel encontraram em Trás-os-Montes, isto depois do desencanto com a cidade, do sonho, da intensa procura pelo local ideal e do caminho que percorreram até aqui chegarem a Redondelo.
Ela, a Cláudia, nada e criada na cidade Invicta, fez o curso de jornalismo na Escola Superior de Jornalismo do Porto, mas rapidamente percebeu... ironia do destino, afirma... que seria na restauração o seu futuro.
Ainda na Invicta abriu dois bares e teve um pequeno restaurante que, às tantas não por acaso, e agora quem usa de ironia sou eu, reminiscências do míster de jornalista, tinha por nome “Sopa de Letras”.
Mais tarde, lá para 2009, ruma a Barcelona para fazer formação de alta cozinha, na prestigiada Escola de Cozinha e de Restauração Hofmann e acaba por ir ficando, procura trabalho e, numa encruzilhada imprevisível, é o pai de Mário que a acolhe e lhe dá trabalho no afamado restaurante Neichel, onde acaba por conhecer Mário...
Este, o Mário, catalão de Barcelona, é formado em Cozinha e iniciou a sua arte no restaurante Neichel, casa familiar, mas foi tendo outras experiências que muito contribuíram para o seu conhecimento e para a sua competência. Entre outras, diz com satisfação, conheceu as cozinhas do Celler can Roca, do Mugaritz, do Martin Berasategui e do Nando Jubany.
Apesar de ter crescido nesses ambientes de alta gastronomia, os quais considera terem sido uma excelente escola, cedo percebeu que o seu futuro não passaria por aí, nem tão pouco pela manutenção do legado familiar, a casa Neichel, acusando e fugindo da pressão e da carga de trabalhos que esse tipo de cozinha acarreta. Depois, sempre presente, a ideia da fuga da cidade e do urbano em busca de um contexto ou ambiente rural, sentindo a terra e estando próximo e em contacto directo com os produtores.
Regressando à tal encruzilhada imprevisível, foi aí que perceberam e reconheceram um no outro as ideias, as vontades e objectivos que afinal partilhavam. Assim, nessa encruzilhada, escolheram um caminho, e regressando às palavras de Alexandra Prado Coelho: “o caminho deles e colocaram a casa e o pequeno Marc às costas e partiram para longe das grandes cidades e para perto de um mundo que já só existe em alguns lugares”. ]











